sábado, 20 de fevereiro de 2010

Vergonha? Pobreza de espírito isso sim.




Semana passada eu estava em um supermercado e à minha frente havia uma mulher, uma moça, e três crianças pequenas. Todas estavam vestidas com roupas muito simples, não usavam bolsas e tentavam enfiar as compras nas sacolas de plástico, sem método algum sendo diversas vezes atrapalhadas com a balbúrdia das crianças. Esperava impaciente, ao som dos gritos das que pareciam avô e mãe dos pequenos. A criançada brincava com as sacolas, mexiam na minha roupa, nas revistas das gôndolas, corriam de lá para cá. A fila crescendo atrás de mim e com rostos pouco amistosos.
Ao fim de três quartos de hora a senhora finalmente entrega um cartão à moça do caixa. Passa a senha, algo dá errado, a moça pede que ela coloque novamente a senha, nada.
A moça do caixa chama a supervisora e diz em som alto:
-Estorna aqui, ela não tem saldo!
Desfizeram-se sacolas, e vários alimentos voltaram. A fila enfurecida olhava com desdém para a pobre senhora e confesso que eu também. Pensei "aff, só pode ser pobre mesmo, como alguém pode vir às compras sem dinheiro? Que vergonha! "
Ontem eu estava em casa com meu namorado e com muita fome, nada na geladeira dele, saímos as onze da noite para o supermercado. Enchemos o carrinho. Na hora de passar as compras, a moça do caixa diz que o cartão dele estava com problemas, pede para digitar novamente a senha, não deu certo. Ele indignado diz que olhara o saldo antes de sair de casa e tinha dinheiro na conta. Vai a um caixa eletrônico perto. Eu fico lá com as compras ensacadas e esperando.
Ele volta e diz:
-Realmente não tem essa quantia! Posso tirar algumas coisas?
Eu imediatamente e apesar da vergonha, retirei vários produtos para o estorno.
Agradeci a Deus o fato de sermos os últimos clientes e não ter ninguém ali olhando. Olhava para os lados enquanto a raiva pelo meu namorado crescia por me ver naquela situação. Ao chegar a casa, perdi a fome e dormi chateada.
Hoje acordei cedo com uma impressão ruim e lembrei da estória das senhoras, a quem tanto julguei e me vi na mesma situação.
Quem sou eu para julgar alguém? Respondo : alguém pobre de espírito.

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