terça-feira, 11 de maio de 2010

Do Dia das Mães e da sensação de fracasso.

Dia das mães passamos em uma cidade serrana aqui de meu Estado. Éramos meu pai, irmão, mãe, tia e primo.
Sorri, brinquei, dormi bem, comi melhor ainda. Conversei com antigos e novos conhecidos, passeei pela cidade, bati fotos, tomei minha cervejinha na pracinha no fim da tarde, vendo a revoada de pássaros canoros, curtindo um friozinho e falando com meu amor ao telefone.
Fui à missa, comunguei e assisti a quatro casamentos.
Na última noite subimos a um restaurante na parte mais alta da cidade. Na mesa muita comida, bebida, troca de presentes, fotos, vídeos. Estávamos saciados, bêbados e felizes. Meu irmão oferece mais uma rodada de bebida para todos. Negamos enfim já estávamos mais que ébrios. Ele fala lacônico- Bebam, vocês vão precisar depois da minha notícia!
Ele faz aquele suspense, saca um papel do bolso, pede a meu primo que o leia. A remoção dele com outro servidor foi deferida. Ele volta ao Estado no prazo de dez dias depois de quatro anos longe. Todos chorando de felicidade, aquela festa!
Eu desabei mas não dei bandeira. Fico feliz por minha mãe , ela sofria muito a ausência dele e eu também.
A causa da minha tristeza é que minha vida não ficará nem um pouquinho melhor com os quatro morando juntos novamente. O apartamento agora é muito pequeno, mal nos cabe. Mamãe faz questão que ele fique com o quarto onde está o closet com minhas roupas e o banheiro que uso.
Resultado, dormirei no menor quarto, com a menor televisão (sou míope de Jó) e sem antena. Um quartinho atulhado, sem ar condicionado e quente. Tomarei banho no minúsculo banheiro social. Não terei acesso a minhas roupas, nem ao banheiro. A internet está na sala e nesse quarto. Ele usará por um tempo a minha mesmo.
Assim, com um simples pedaço de papel, meu irmão conseguiu levar embora o restinho de privacidade e conforto que eu tinha na casa de meus pais e ainda minha paz de espírito. Egoísmo? Pode ser...mas pela mente passou um balanço da minha vida.
Mulher feita e envelhecendo, ganhando pouco, gastando muito, sem dinheiro para morar só, sem companheiro, sem marido, sem filhos, namorado longe, sem amigos, quase sem família, sem carro, sem privacidade ou liberdade. Nessa hora me dá uma vontade de ter, ou ter deixado de fazer muitas coisas de maneira diferente. E pensar que já possui tudo isso que elenquei e não foi a muito tempo. Ontem nem consegui vir trabalhar...que sensação ruim, Meu Deus. Mas vamos em frente, pois como disse Chico Xavier com sapiência: "Ninguém pode voltar e criar um novo início, mas todo mundo pode começar hoje e criar um novo final"

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