terça-feira, 25 de maio de 2010

Uma tragédia evitada pela força do amor e do sangue.

Resolvi ceder os remédios que aquele médico receitou para mim para minha tia. A depressão dela é severa e não tem plano de saúde.
Após colocar os remédios na caixa de correio, ligo para avisá-la.
Ouço no outro lado da linha uma voz gritando e dizendo.
-Não venha para cá!
Minha mãe ao volante, digo - Faz a volta vamos no escritório da tua irmã, estou ouvindo pelo celular que uma tragédia vai acontecer.
Ao celular, gritos de homem e mulher em mútuas ameaças. Chegamos, nem esperei minha mãe descer do carro. Aperto a campainha, um estabanado e aterrorizado rapaz corre atrás de mim perguntando- "A senhora quer falar com quem? Anuncio a senhora?"
As escadas, os urros aumentavam, meus nervos no lugar, a porta.
O escritório destruído, um cenário alarmante, os dois "birots" um de frente ao outro, palavras com ameaças de morte, objetos sendo atirados. A densa e ,tão já minha conhecida, presença do desespero e suas tramas.
Dentro da gaveta do "birot" a arma que eu sabia contida ali.
Olho para aquele homenzarrão, com quarenta anos a mais que eu, poderoso, maçon, dono de terras, comércios e prestígio. Não sei de onde, nem como, nem de onde veio a força e a firmeza na voz, com um gesto de mão digo:
-Senta e se cala.
Minha mãe leva minha tia para fora, pego a pasta dela e saímos.
Olho de esguelha, meu tio continuava sentado e silente.

4 comentários:

  1. Realíssimo!!!!!!!!Gostaria que não o fosse!

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  2. Pelo visto você chegou na hora, hein amiga? Poderia ter acontecido uma tragédia e a vítima poderia ser você, inclusive.

    Tome cuidado.

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  3. Mas mulher quando o sangue sobe a cabeça não tem precaução que dê jeito! E sendo logo minha tia, mãe de criação...Mas confesso que fui imprudente sim.

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